Mensagem Engarrafada
Escrevi este texto em resposta a um desafio no Minicurso da Semana da Escrita com Analita Santos. Como contar uma história quando te dão um nome?
Sentada
na areia, Salvador contemplava o mar enquanto diversos pensamentos lhe passavam
pela mente. Uma mulher com tantos ideais e continuava a sentir-se inútil, tinha
28 anos e lutava por algo que a deixava ansiosa. Uma feminista que fora
registada com um nome que a sociedade via como masculino e forte, as vizinhas
diziam que uma mulher devia ter um nome mais doce, mas ela discordava, preferia
ser vista como alguém poderoso e destinado a grandes feitos.
No entanto, não se considerava assim tão forte quando fugia da casa do seu namorado. Não conseguia dizer o que sentia ao homem que a amava. Isso mesmo, o homem que a amava e não o homem que ela amava. Sentia receio de terminar uma relação de longa data e ficar sem ninguém, mas era uma hipocrisia pensar assim, seria ela uma fraude por não seguir as máximas que a moviam? Era possível ser feliz sozinha e alcançar todos os seus sonhos, mas ainda assim tinha medo. O peso dos preconceitos da sociedade caía sobre ela e imaginava o que diriam as amigas da mãe quando soubessem que ela não desejava casar nem ter filhos, ou das vizinhas que iriam criar histórias que nada teriam a ver com ela.
A lua e as estrelas apareceram para a acompanhar enquanto permanecia a ouvir o som das ondas. Soltou um suspiro e pediu ajuda aos astros. Levantou-se e descobriu perto de si uma garrafa com uma mensagem, curiosa decidiu abrir e leu: «Eu sou a minha única musa. O assunto que conheço melhor, de Frida Kahlo». Soltou um sorriso e soube que poderia falhar mais do que uma vez e a escolha seria sempre sua. Quem cruzou o caminho com Salvador nessa noite, encontrou uma mulher corajosa porque decidira enfrentar os seus medos.